Assassinato de Antonio Tavares Pereira
No
dia 2 de maio de 2000, cerca de 1500 trabalhadores rurais
foram fortemente reprimidos pela polícia, a caminho
da cidade de Curitiba. Eles estavam em 50 ônibus, a
5km da cidade, quando foram barrados por policiais militares
na BR-277. Os policiais obrigaram os sem-terra a saírem
dos ônibus e deitarem na beira da estrada, apontando
armas em direção a suas cabeças. Nesse
momento, muitos sem terra foram espancados por policiais.
Aqueles que tentaram fugir ou se defender foram atingidos
por bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha
e de chumbo. Os policiais atiraram bombas de gás lacrimogêneo
até mesmo dentro dos ônibus, atingindo mulheres
e crianças.
Um
grupo de cerca de 30 sem terra foi perseguido pela polícia
durante 2km. A polícia utilizou balas de chumbo durante
a perseguição, ao mesmo tempo em que lançava
bombas de gás lacrimogêneo de helicópteros.
Cerca de 180 sem-terra foram feridos durante a operação.
Alguns feridos chegaram a ser ameaçados de morte por
policiais militares dentro do hospital.
Durante
a operação, o lavrador Antônio Tavares
Pereira foi assassinado com um tiro no abdômen. O governo
do Paraná, sob a administração de Jaime
Lerner, reagiu imediatamente diante da morte de Antônio
Tavares Pereira, concentrando seus esforços para convencer
a opinião pública de que Antônio não
era integrante do MST. A versão oficial, defendida
pelo secretário de Segurança Pública
do Paraná, José Tavares, dizia que Antônio
Pereira teria sido encontrado na BR-116, vítima de
um acidente de trânsito e não na BR-277, onde
ocorreu a repressão. Ele garantiu também que
o conflito teve início às 10h40 da manhã,
e Antônio chegara ao hospital às 9h09. A versão
oficial foi contestada pelo delegado Fauze Hussain da Delegacia
de Homicídios de Curitiba, que confirmou a versão
do MST, de que a repressão teve início às
8h15 da manhã. Pouco depois, o delegado que contestou
a versão oficial foi afastado do comando das investigações.
O
IPM declarou que o soldado Joel de Lima Santa Ana, acusado
de ter assassinado o trabalhador era inocente. Em abril de
2002 a Promotora da Comarca de Campo Largo, Dra. Cláudia
Regina de Paula e Silva do Rêgo Monteiro Rocha, ofereceu
a denúncia contra o soldado por homicídio doloso.
No dia seguinte, o juiz André Luiz Taques de Macedo
recebeu a denúncia e determinou a citação
e interrogatório do réu. Neste momento o inquérito
encontra-se arquivado.
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