• h6.jpg
  • h10.jpg
  • h7.jpg
  • h11.jpg
  • h8.jpg
  • h9.jpg
  • h3.jpg

 

Maria Luisa Mendonça

 

Em 17 de abril de 1996, aproximadamente às 15 horas, policiais militares chegaram a um acampamento de 1500 trabalhadores sem terra, na chamada "curva do S", entre Eldorado dos Carajás e Marabá. Sob o comando do major José Maria Pereira de Oliveira, dois ônibus e uma caminhonete, vindos da cidade de Parauapebas, traziam 68 homens armados com duas escopetas, quatro metralhadoras, cinqüenta fuzis e revólveres. Pelo sentido oposto da estrada, vieram outros três ônibus. Sob as ordens do coronel Mário Colares Pantoja, comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, desembarcaram 200 homens equipados com metralhadoras e revólveres. Nenhum policial estava com a devida identificação. Haviam deixado no quartel a tira de pano costurada sobre o velcro que os identifica.

 

O batalhão de Marabá, comandado pelo coronel Pantoja, foi o primeiro a chegar, lançando bombas de gás lacrimogêneo. No início, os trabalhadores resistiram jogando paus e pedras. Entretanto, ao ouvirem os primeiros disparos, tentaram fugir e se proteger. O massacre durou aproximadamente uma hora. Dezenove trabalhadores foram assassinados e outros 69 ficaram feridos.

 

A primeira fase do julgamento dos 154 policiais acusados de envolvimento no massacre foi realizada em agosto de 1999, quando os três oficiais que comandaram a operação-o coronel Mário Pantoja, o major José Maria de Oliveira e o capitão Raimundo Lameira- foram absolvidos. Os advogados do Movimento Sem Terra entraram com um recurso para afastar o juiz Ronaldo Valle do processo, e com outro recurso para anular a decisão. Em abril de 2000, o juiz Ronaldo Valle entregou carta ao Presidente do Tribunal de Justiça pedindo seu afastamento do processo. Logo depois, o Tribunal de Justiça decidiu anular a decisão que absolveu os oficiais.

 

Na semana passada, foi anunciada a data do novo julgamento, que terá início dia 18 de junho. A realização desse julgamento, cinco anos após o massacre, pode se constituir em um marco histórico contra a impunidade no País. Nesse sentido, é necessário que exista uma grande mobilização por justiça em nossa sociedade.

 

--- Maria Luisa Mendonça é diretora do Centro de Justiça Global.