Resumo
Esta tese investiga fatores que exerceram influência na construção da imagem da agricultura no modo capitalista de produção e sua representação através do conceito que passou a ser difundido comoagronegócio. O uso deste termo se propagou tanto nos círculos acadêmicos, quanto nos meios políticos e de comunicação. A chamada industrialização da agricultura ocorre principalmente a partir dos anos 1950,em um contexto de crise de superacumulação de capital em nível mundial. No Brasil, este modelo ganha força principalmente a partir dos anos 1960 e combina a grande exploração agrícola com o estímulo ao uso de insumos industriais. É no período marcado pelo caráter monopolista ou imperialista do capital que se observa o processo de industrialização da agricultura, conhecido popularmente como agronegócio. A propriedade monopolista pressupõe a incorporação de todos os momentos da chamada cadeia produtiva, desde o controle sobre matérias primas até a circulação das mercadorias, considerando-se o papel essencial do capital financeiro. A internacionalização deste modelo através da exportação de capitais aprofundou a especialização dos monocultivos em determinados países e a divisão internacional do trabalho, a partir da herança colonial. A função do Estado como principal agente facilitador de financiamento para o agronegócio serve de alavanca para as determinações do capital financeiro. Observamos que a criação do conceito de agronegócio, como forma de gerar uma moldura ideológica para a intensificação da industrialização da agricultura, ocorre em um contexto determinado pela reprodução crítica do capital. Tal análise nos leva a entender a relação dialética entre acumulação e crise, como elementos simultâneos e permanentes na lógica do capital, mesmo que sua manifestação apareça de forma polarizada e cíclica. Desta forma ,consideramos que na atual conjuntura de predominância do capital financeiro, ou seja, de dependência do agronegócio em relação ao mercado de dinheiro, seu o principal produto seria a própria dívida .
Palavras-chave: Agronegócio; Industrialização da agricultura; Capital financeiro; Crise de superacumulação; Dívida.
Sumário
Introdução
Capítulo 1 - Agricultura no modo capitalista de produção
1.1 A renda da te na
1.2 A propriedade da terra
1.3 A economia camponesa
Capítulo 2 - Crise-Acumulação no modo capitalista de produção
2.1 A industrialização da agricultura
2.2 O Imperialismo como mecanismo de acumulação capitalista
2.3 Capital financeiro e monopólios agroindustriais
Capítulo 3 - O Conceito de agribusiness
3.1 A influência de John Davis e Ray Goldberg como ideólogos do agribusiness
3.2 A Segunda Guerra Mundial e o avanço do agronegócio
3.3 A exportação do modelo do agronegócio para a América Latina
3.4 O período pós-guerra e a crise de superacumulação
3.5 A influência da "economia evolucionária" na concepção do agronegócio
3.6 A utilização do conceito de agronegócio no pensamento neo-malthusiano
3.7 Análise histórica do conceito de agribusiness
3.8 Crise estrutural de superacumulação
3.9 A "revolução verde" como base ideológica do agronegócio
Capítulo 4 - O conceito de complexo agro industrial
4.1 A influência positivista na análise de políticas agrárias
4.2 A definição de complexo agroindustrial no contexto brasileiro
4.3 Políticas Agro-Pecuária no Brasil de 1960 a 1990: Análise do jomal Gazeta Mercantil
4.4 A utilização do termo commodities
Capítulo 5 - O Conceito de Agronegócio no Brasil
5.1 A concepção das chamadas cadeias produtivas na agricultura
5.2 A visão neoliberal e o agronegócio
5.3 O papel da Ideologia
5.4 O uso do termo agribusiness no Brasil
Capítulo 6 - A difusão do termo agronegócio no Brasil
6.1 De agribusiness a agronegócio: análise da representação na imprensa através do jornal Folha de São Paulo
6.2 A ideologia do "livre" comércio
6.3 Neoliberalismo e Desenvolvimentismo
Considerações finais
Bibliografia