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Por Evanize Sydow*

 

O município de Alcântara foi fundado em 1648 e sua economia baseava-se na produção de algodão e cana-de-açúcar. O trabalho era realizado por escravos negros. Em 1759, na administração do Marquês de Pombal, as fazendas dos jesuítas foram confiscadas e vendidas a particulares. As propriedades das Ordens Religiosas dos Carmelitas e Mercedários permaneceram até o final do século XIX e depois foram repassadas à Igreja ou ao Estado, originando as comunidades tradicionais.

 

Nessa época, Alcântara passou a ser habitada por escravos e descendentes de índios. Veio a queda do preço do açúcar e as pressões pela abolição da escravatura. Com isso, formaram-se vários quilombos naquela região. Os quilombos são fazendas formadas, principalmente, por escravos fugitivos ou libertos e baseadas na produção coletiva. São comunidades tradicionais, com culturas, dialetos, formas de produção e regras internas próprias.

 

A importância histórica e cultural dessas comunidades fez com que a Constituição brasileira de 1988 reconhecesse o direito delas aos seus territórios. Em geral, são territórios denominados “remanescentes de quilombos”. Essas comunidades, vindas de doações a ex-escravos, também são chamadas de “terras de preto” ou “comunidades negras”. Seus integrantes recebem o nome de “quilombolas”. Já as terras abandonadas por ordens religiosas deram origem às “terras de santo” e “terras de santíssimo”.

 

*Jornalista e Integrante da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.