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Publicação da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos

Maria Luisa Mendonça

 

As transformações ocorridas no país são muito mais profundas do que comumente se avalia
 
 A imensa mobilização popular que tomou as ruas da Venezuela com a morte do presidente Hugo Chávez representa mais do que um momento histórico de grande comoção na sociedade, mas a certeza de que as transformações ocorridas naquele país são muito mais profundas do que comumente se avalia.
 
O governo de Chávez inicia a partir da insatisfação popular com a crise econômica e com o receituário de políticas de “ajuste estrutural” nos anos 1990. Assim como em outros países da América Latina, multiplicam-se protestos contra a enorme transferência de capital social para monopólios privados, principalmente em setores estratégicos como energia, comunicação e outros serviços básicos.
 
A popularidade conquistada por Hugo Chávez, tanto nas urnas quanto nas ruas, é atribuída às diversas políticas econômicas e sociais que transformaram o país nos campos da saúde, educação, saneamento básico, habitação, comunicação, agricultura, aumento salarial, entre outros. Porém, para concretizar tais políticas foi necessário mudar as estruturas tradicionais e oligárquicas do Estado venezuelano.
 
Foi então que Chávez criou as chamadas “missões”, que representam instrumentos de parceria entre o Estado e as organizações sociais com o objetivo de realizar programas sociais e econômicos. Por exemplo, os processos de titulação de moradias nas favelas foram organizados através de conselhos comunitários formados nos próprios bairros. O governo incentivou ainda o fortalecimento dos sindicatos, dos movimentos de moradia, de centenas de rádios comunitárias, de movimentos camponeses, entre outros.
 
Este processo foi acompanhado pelo apoio ao fortalecimento das relações entre organizações venezuelanas e movimentos sociais em outros países. O presidente tinha ainda um papel de educador na sociedade, o que não é normalmente divulgado. Para além das frases de efeito, por vezes exageradas e repetidas na mídia convencional, seus discursos continham inúmeras citações de livros clássicos, o que estimulou a leitura e o conhecimento na sociedade.
 
Por esses e outros motivos é que o legado de Chávez deve permanecer. Nas eleições mais recentes, seu partido foi vencedor em 20 dos 23 estados disputados. Mas para além das eleições, o povo venezuelano resgatou sua dignidade e organização social.
 
Maria Luisa Mendonça é jornalista e coordenadora da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.